quinta-feira, 29 de julho de 2010

Cidadãos na infância


É interessante como ainda somos vistos como cidadãos na infância, pelo poderoso Estado brasileiro e suas corporações associadas. Até outro dia, para se divorciar, de comum acordo, um casal deveria ficar um ano separado, "pensando sobre a decisão". Claro, com a participação de advogados e cartórios nesse duplo tormento. Hoje, se um homem deseja fazer uma vasectomia, precisa pedir autorização à esposa e esperar dois meses entre o pedido e a cirurgia, "para refletir". Se não vê nenhum candidato à altura das necessidades do país, o eleitor tem que comparecer à urna para "cumprir o seu dever". Ora, que nível absurdo é esse de ingerência na vida das pessoas? Se me arrepender de qualquer uma dessas decisões, o Estado não terá um centavo de custo com isso, portanto não é de sua conta se quero ou não ser pai, ficar casado ou votar. Para todas essas situações há, naturalmente, o jeitinho brasileiro, e assim seguimos nossa história de controles e escapes, engraçada apenas para quem vê de fora.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Aos visitantes: eis aqui um espaço para palpites, um desabafo eventual com pitadas de humor e, quem sabe, alguma poesia. Comecemos, pois, com este infeliz hino pátrio. Está na hora de mudarmos essa música marcial com letra ininteligível, de sujeitos perdidos, que jamais será compreendida por 120 milhões de brasileiros. No barato. A sugestão, óbvia, é Aquarela do Brasil, do samba que dá, do mulato inzoneiro, do rei congo no congado. Já pensaram, na Copa, durante o hino nacional, em vez daquelas dungas fechadas jogadores e massa sambando? Espetacular, está lançado o manifesto do eu sozinho. Chega de ostentar lábaro, de clava forte, viva o coqueiro que dá coco!

Eles falam mas não dizem

Estava vendo a Marina numa sabatina, meu provável primeiro voto, e fiquei impressionado, como se ainda fosse possível, com a capacidade dos candidatos de falar sem dizer nada. Os marqueteiros ensinam que qualquer opinião pode gerar reações dos diretamente interessados, então o jeito é fazer promessas vagas que agradam a todos e enrolar os enroláveis jornalistas. Ô raça preguiçosa. Quanto vai ser a carga tributária? "Nossa intenção é diminuir, mas temos que ver as contas públicas?" É a favor do direito ao aborto? "Vamos fazer um plebiscito". Vai privatizar os aeroportos? "Temos que observar qual é a melhor maneira de administrar o tráfego aéreo". Em buraco de paca, tatu caminha dentro? "É preciso avaliar os gostos da paca e o tamanho do buraco". Saudades do maluco do Ciro Gomes, a campanha com ele ia esquentar.

Feio, feio...