segunda-feira, 6 de setembro de 2010

JB antigo faz falta

Já faz algum tempo que eu, quando passo de carro pelo Caju em direção ao Centro, viro o rosto para a direita. Com o sepultamento do JB, um corpo sem alma que finalmente aceitou seu destino, entendi a razão. Para evitar a nostalgia, não queria olhar para o prédio que, por sintoma, se tornou um hospital.

Desde adolescente, em minha casa, não especialmente politizada, só se comprava o JB. Passei a gostar de jornal assim, lendo a única publicação liberal que minha geração conheceu. Castelinho, Zuenir, Verissimo, Toguinhó, Fritz, Figueiredo, Werneck, Ancelmo, Noblat, Xexéo não eram só verniz do conservadorismo, mas uma mistura de ideias bem interessante num espaço que aceitava e incentivava a diversidade.

O JB, com todos os pecados da grande imprensa, dava prazer. Lembro de pelo menos um caderno especial, sobre a fome, que ficou guardado muito tempo em meu baú e talvez tenha sido a única coisa que me emocionou em jornalismo. Não guardei, mas deveria, um texto do Dapieve no Caderno B sobre o Kenny G que me fez rir por dias.

O único jornal em que eu realmente quis trabalhar foi o JB. Fica para a próxima.

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